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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O ciclo da Borracha!

Esta semana o enredo revivido será da Grande Rio, uma homenagem à escola mais
prejudicada com o incêndio ocorrido essa semana na cidade do samba.
Em 1995 a escola apresentou o enredo: "Estória para ninar um povo patriota!",
de autoria do carnavalesco Lucas Pinto. 
A Sinopse (resumo do enredo) criada é, na verdade uma fábula, um conto de fadas. 
O termo Estória, ao invés de História,  é usado no título  justamente por se tratar de 
uma criação ficcional, misturando fatos reais e imaginários.
O autor fez um trabalho belíssimo, como veremos:

Estória para ninar um povo patriota

            Havia um Imperador, chamado Brasil, dono de uma imensa terra, num continente,
onde existiam outros imperadores. Suas terras eram tantas que o Imperador Brasil, possuía
reis que governavam pedaços de suas terras. Elas eram muitas realmente, se dividiam em regiões
que recebiam o nome de seu rei.
            Um desses reis chamava-se Amazonas. Esse rei era responsável pelo ecossistema mundial
de responsabilidade do Imperador Brasil. O reino de Amazonas era belíssimo, coberto por matas
virgens, grandiosos rios, que durante milênios, viveram desconhecidos do resto do mundo.
O rei Amazonas tinha uma filha, a princesa com nome Manaus. Ela vivia no meio da mata
 Amazônica entre rios e igarapés. Tinha como companhia as florestas, seus mistérios e lendas das
tribos indígenas - povos que viviam na terra de seu pai.     
      Um dia, a princesa Manaus viu brotar dos sulcos que os índios faziam numa determinada
árvore o sangue da terra, um líquido branco e viscoso do qual os índios faziam bolas para as crianças
brincarem. Mal sabendo que ali estava parte da grande fortuna que se encontrava escondida no reino
de seu pai, que faria o Imperador Brasil ser rico e respeitado em todo o mundo.
Muito distante dali, havia uma poderosa rainha de nome Inglaterra, que tinha um espelho
que falava com ela. Todos os dias a Rainha Inglaterra perguntava ao espelho se existia alguém mais
rica do que ela ao que o espelho sempre lhe respondia que não.
            Certo dia, ao perguntar ao espelho se existia alguém mais rica do que ela o espelho
respondeu-lhe que em um continente distante um Imperador tinha descoberto em suas terras,
 governadas por um rei de nome Amazonas, um líquido branco que valia tanto ou mais que o ouro.
A cada dia que se passava, o Imperador Brasil, ia conquistando prestígio perante o mundo.
O Rei Amazonas começava a desenvolver seu reino, através de sua filha, a princesa Manaus, que, a cada
dia se enriquecia mais e se embelezava mais, dentro dos padrões mais requintados da Europa.
            A Rainha Inglaterra mandou então um emissário vir observar o que se passava por essas terras
e fiscalizar a vida da Princesa Manaus. Ao chegar as terras do Rei Amazonas, o emissário viu que a
princesa Manaus vivia o auge da bela época, que possuía um belíssimo teatro, casas de chá, coqueterias
e que, no meio da selva do Rei Amazonas, uma riquíssima cidade transbordava de luxo, onde os Barões da
Borracha acendiam seus charutos Havana, com notas de 500 mil Réis.
A Rainha Inglaterra arquitetando um plano, construiu um navio e a este deu o nome do Rei
“Amazonas”. Certo dia, ela levou, sem que ninguém soubesse, setenta mil espécies da planta que brotava
o líquido que valia tanto ou mais que ouro, para serem plantadas em seus terrenos na Malásia. Tal
atitude caiu como veneno para a Princesa Manaus, fazendo-a adormecer num sono profundo durante quase
dois séculos, coberta pela vasta floresta Amazônica.
            Durante todo esse tempo que a Princesa Manaus permaneceu em seu sono encantado, vítima do
veneno da Rainha, as fadas madrinhas Flora (responsável por todas as florestas e matas), Fauna (responsável
por todos os seres viventes da floresta) e Eco (responsável pelo ar e a camada de ozônio da Terra),
lançaram-lhe uma promessa: que a Princesa Manaus haveria de despertar desse sono profundo, através de um beijo que lhe haveria de ser dado por um príncipe espacial.
Passaram-se muitos anos em que a Princesa Manaus viveu adormecida e quase esquecida. Até
que um dia ela foi visitada pelo Príncipe da Tecnologia, que tinha ouvido falar sobre ela. Ao ver a
Princesa, não hesitou em beijá-la, acordando-a para seu futuro. Um futuro de progresso, seu, de seu pai,
o Rei Amazonas, e de seu Imperador, Brasil.
Lucas Pinto
A criação dessa fábula retrata brilhantemente uma época da história brasileira, o ciclo da borracha!
A letra do samba é, da mesma forma, de fácil entendimento, conta a história de forma muito fácil e
explicativa. Na avenida o desfile foi morno, o samba não explodiu a avenida, mas a história foi
bem tratada neste enredo, e isso é o que buscamos aqui.
No vídeo abaixo podemos ter uma idéia do visual do desfile e acompanhar a letra do samba enredo
no vídeo da transmissão.Segue o link:
 
Estória para ninar um povo patriota

Nessa história em verde e amarelo
A Grande Rio deu um toque tão sutil,
Nas terras do rei Amazonas
Do continente do imperador Brasil

Vamos viajar, nas matas de tantas riquezas
Entre rios e igarapés
Vivia Manaus, a linda princesa
Das lendas que os índios conviviam
O artista resolveu criar
Neste enredo de encantos e magias
Onde tem o boto rosa com o dom de conquistar

Um brinquedo de criança
Virou tesouro profundo
Despertando a cobiça
Do outro lado do mundo

Perguntou:
Espelho, espelho meu
Será que existe alguém mais rica do que eu?
Minha rainha poderosa,
Manaus é um tesouro muito maior que o seu
A Inglaterra mandou, um emissário pra cá
Tudo que viu ele voltou pra confirmar
Teatro, casa de chá, boemia,
Muito mais a fidalguia tinha aos seus pés
Os barões da borracha tinham ousadia
De acender os charutos com 500 mil réis

Um navio sorrateiro apareceu
Levando quase ao mundo inteiro
As seringueiras, com isso a princesa adormeceu
Entre fadas-madrinhas, no seu sono prosseguia
Pra despertar do berço da ecologia
E o príncipe encantado, Manaus ele beijou
Para tecnologia a princesa acordou

Embala eu, embala eu
Pátria mãe, gentil
No despertar deste sono
Encontrei meu sonhado Brasil...
Essa importante página da história do Brasil foi brilhantemente retratada nessa estória da
Acadêmicos do Grande Rio em 1995. A riqueza gerada pela borracha na região amazônica 
pode ser evidenciada pelo fato de Manaus ter sido a primeira cidade brasileira a receber
luz elétrica, fato pouco conhecido. Além disso, a primazia no bonde elétrico também foi de Manaus.
A passagem do samba que fala dos barões da borracha acendendo charutos com notas de dinheiro 
nos dão uma ideia dos recursos que a exploração das seringueiras gerava. 
E, infelizmente, em mais um episódio da nossa história acabamos sendo ludibriados e novamente 
entra em cena a poderosa Inglaterra, que nos levou as seringueiras e jogou água na quente Manaus do período áureo da borracha. 
A linda princesa Manaus como diz o samba só viria a se recompor com a industrialização trazida pela
criação da zona franca de Manaus já bem próximo ao século XXI. 
De herança dessa época gloriosa ficou a arquitetura do imponente Teatro Manaus, que será enredo da Unidos de Vila Maria no carnaval 2011 de São Paulo. Vale a pena conferir e conhecer um pouco mais dessa bonita história. 
Espero que gostem e na próxima semana um enredo do carnaval paulistano, até lá!

2 comentários:

  1. Como será o Carnaval da Grande Rio já que ela foi prejudicada pelo incendio.?

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  2. A disputa pelo campeonato foi afetada já que Grande Rio, União da Ilha e Portela não serão avaliadas pelos jurados. Farão um desfile de garra e dedicação. O que se pode fazer é esperar a volta com tudo da escola para o carnaval de 2012!
    Obrigado pela participação no blog!

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